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quinta-feira, 3 de março de 2011

TEXTO 54 - Paranaense leciona 1.ª cadeira de Filosofia árabe medieval no Brasil.

FOTO TIRADA POR PRISCILA FORONE, DA GAZETA DO POVO: O PROFESSOR DE FILOSOFIA JAMIL OBRAHIM ISKANDAR - ATRÁS DE ALGUNS DOS SEUS MUITOS LIVROS ÁRABES: ´´É PRECISO CONHECER, NEM QUE SEJA PARA CONTESTAR.´´

O professor de filosofia Jamil Ibrahim Iskandar atrás de alguns de seus muitos livros árabes: é preciso conhecer, nem que seja para contestar.


Entrevista com o professor da Universidade Federal de São Paulo Jamil Ibrahim Iskandar.

Al-Farabi, Averróis, Al-Biruni, Ben Arabi. Não são nomes que estudantes brasileiros saiam da escola conhecendo. Mas eles têm uma ideia de quem foi Aristóteles e Platão. O fato é que, sem os filósofos árabes citados acima, o conhecimento desenvolvido pelos gregos não teria sido conservado, traduzido e transmitido ao Ocidente, entre os séculos 9 e 15.

Além de traduções, esses pensadores inovaram descrevendo a fé em termos lógicos. Apesar de toda sua contribuição para a formação da sociedade atual, apenas neste ano a filosofia medieval árabe passou a integrar um currículo universitário, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A conquista foi fruto do trabalho persistente do paranaense Jamil Ibrahim Iskandar, de 70 anos.

Depois de traduzir A Origem e o Retorno, de Avicena, ele foi escolhido para ensinar Filosofia Antiga e medieval árabe aos alunos de Filosofia do campus de Guarulhos.

Iskandar foi professor da PUC-PR por 29 anos e fez doutorado na Unicamp. No fim do ano, ele fará pesquisas de manuscritos como visitante na Universidade de Oxford. No momento, ele trabalha na tradução de A Busca da Felicidade, de Al-Farabi, que, apesar do título, fala sobre política.

Qual a proposta da cadeira de filosofia árabe medieval?

Jamil Ibrahim Iskandar – Expor o pensamento dos filósofos e fazer uma série de traduções de livros de filosofia, como A Física (Audição Natural), de Avicena, escrito em meados do século 11. Ele foi um dos filósofos mais importantes para a cultura oriental e ocidental, influenciou muito a escolástica cristã e muçulmana. O livro nunca foi traduzido para qualquer idioma.

Quais são os marcos históricos da filosofia árabe?

Ela representa um grande movimento cultural da época, indo do século 9 ao fim do século 15. Por meio de traduções feitas pelos árabes, o Ocidente recuperou muitas obras do grego antigo. Algumas só chegaram até nós em função da efervescência cultural da época e, por isso, hoje conhecemos muito bem obras de Aristóteles, Platão, Ptolomeu.

Dada toda essa importância, por que só agora surge esta cadeira na academia brasileira?

Foi por falta de docentes e tradutores específicos na área de Filosofia. Nos últimos tempos começou a haver interesse.

Como o estudo da filosofia árabe pode amenizar a polarização cultural que existe hoje com o Ocidente?

Simplesmente fazendo justiça cultural e histórica com relação a conceitos. Não se pode discriminar de maneira leviana nem a religião nem os filósofos. O que temos que fazer é voltar a estudá-los como realmente são, não como algumas pessoas querem que sejam.

Quais são os mitos sobre os árabes que devem ser desfeitos?

O primeiro que deverá cair é o de que a Idade Média foi uma época de escuridão. Não é verdade, foi a época em que mais se produziu textos filosóficos. Foi uma época em que o judaísmo, o cristianismo e o islamismo conviveram de maneira harmônica e amigável, exatamente em função do interesse pela filosofia. A cultura filosófica agregou as três religiões, a ponto de, em Toledo, na Espanha, ótimos tradutores se interessarem pelas três religiões. Eles traduziam um texto sem se importar se o autor era cristão ou muçulmano. Precisamos nos espelhar naquela época.

Qual foi a principal contribuição dos filósofos árabes medievais?

Eles ajudaram no desenvolvimento do entendimento racional da fé tanto muçulmana como cristã, trazendo argumentos lógico-metafísicos para explicar a questão da fé religiosa. Nisto, o próprio pensamento se amplia e novos horizontes se abrem. Mesmo que seja para contestar.

REFERÊNCIA:
http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=862456&tit=Paranaense-leciona-1-cadeira-de-Filosofia-arabe-medieval-no-Brasil
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PESQUISADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

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